segunda-feira, fevereiro 5

Família... às vezes!


Porque me sinto triste? Provavelmente porque à minha volta reina o caos. Andar de candeias às avessas com as pessoas é triste e cansa as mentes mais persistentes. Quem dera que as pessoas não nos obrigassem a isso. Quem dera passar por elas sem as sentir. Quem dera ser um autómato que não pensa e não reage com valores e formas de estar. Poder-se-á dizer que a culpa é nossa. E é. Se não tivéssemos tomado posição tudo seria mais fácil. Mas como ver e sentir sem reagir? É impossível. Pelo menos para mim. Se não acredito nos bons sentimentos, se não acredito nos bons princípios das pessoas, analiso as suas acções. E o que vejo? Uma total e inqualificável falta de escrúpulos. Falo de várias pessoas. Não de uma em particular. Pena é que todas elas sejam tão somente nossos pais. Uns magoam os outros com tamanho desprezo que só posso indignar-me. Sinto-me muito só. Sem rede. Sem aquilo que no fundo constitui o início e o fim de tudo, sejamos ou não sentimentalistas: a família. Bem sei que a família é aquela que nós constituímos. E eu tenho o A. É o meu apoio e o responsável por tudo o que já realizei nestes últimos 2 anos. E foi bastante. Mas, momentos há em que o A. não pode fazer as vezes de pai, de mãe, de uma família que desapareceu no obscurantismo de uma decisão que a todos afectou. Tomara não ter apoiado a felicidade de um com a infelicidade de outra. Tomara. É que a sua decisão tornou uma pessoa profundamente infeliz. Por não preparada. Por inexperiente. Por dependente. De quem é a culpa? Dos valores de antigamente. Da ausência deles no dia de hoje. Preso por ter cão e preso por não ter. Mas o que é facto é que por mais que tente afastar-me das confusões, sinto a falta de um convívio que me traga o conforto de uma ilusão de família feliz. E não falo só da minha. Falo da que adquiri por afinidade também. Sei que o A. não está bem com isto. Mas também sei que a sua preserverança vencerá sempre e que só fará aquilo que sente como certo, para si, para os outros. Por isso, fiquemos assim. Isolados. Nada posso fazer. É deixar que as acções venham ao de cima e com elas as mais sórdidas motivações. Nessa altura poderemos sempre dizer: «afinal tinhamos ou não tinhamos razão?»

5 comentários:

Zé O Branco disse...

Não temos razão.
Digo-te que nao temos razão, porque aos olhos dos "outros", embora estejamos cada vez mais perto dos 30, não passamos de uns uns quaisquer seres que não têm sentimentos, porque aos seus olhos os adolescentes não têm nem razão, nem sentimentos, nem sabem nada da vida. E afinal de contas nós não passamos de uns adolescentes. Ainda que sejamos independentes, ainda que vivamos sem qualquer tipo de apoio, ainda que insistamos em prezar os valores que nos incutiram e que durante quase 30 anos pensámos serem correctos.
Dou por mim a pensar se os valores que me foram passados, aqueles que vieram da minha familia de "educação" cristã, são realmente para por em prática????
Porque ao fim de quase 30 anos me apercebi que secalhar o que me queriam dizer era: "Faz o que eu digo, não faças o que eu faço..."
Será?
Não sei...!!!!

morffina disse...

Desculpai a minha intromissão.
Nem sempre se faz o que se diz, nem o que se sente. Hoje somos assim, amanhã, nem por isso ...
Deve-se tentar evitar que os outros se magoem, especialmente os mais próximos, porque o impacto é, obviamente, maior.

Anónimo disse...

É na família que aprendemos o sentido do verdadeiro amor incondicional, já que amar significa acolher, cultivar, cativar, assumir o amor por si, com o qual teremos a medida certa para amar o outro. Entretanto, é certo que, algumas vezes, esse processo ocorre de forma distorcida, pelas mais variadas razões, e o amor, tão necessário no seio familiar, murcha como uma linda flor que não recebe os nutrientes necessários à sobrevivência.
Nesse momento de renovação, no qual paramos para reflectir como estamos vivendo e como exercitamos o contacto com o outro, muitas vezes percebemos o quão distante estamos de nossos entes, que deveriam ser os mais queridos. E aqui vamos nos ter na reflexão acerca da relação pais e filhos, que pelas artimanhas da vida, acabam se distanciando e, algumas vezes, nutrindo a relação com sentimentos negativos, alimentando-se de rancor e ressentimento.
Razões para amar existem inúmeras, mas, talvez, na mesma medida existam para o desamor. Porém, o desamor faz sofrer, alimenta a indiferença, nos torna seres amargos, frios e distantes de quem certamente deu a vida por nós. Aqueles que já receberam a bênção de ser pais e mães sabem da tamanha abnegação que um pai e mãe tem que exercitar diariamente para criar um filho, e se conseguirmos alcançar um elevado nível de consciência, teremos a sabedoria para perdoar e efectivamente buscar a reconciliação.

Texuga disse...

Gostava muito de saber quem me escreve tão lindas palavras... Pena que essas lindas palavras a mim me pareçam tiradas de um livro e muito pouco ligadas à vida real, pelo menos, muito pouco ligadas à minha vida real que tem tudo menos «abnegação que um pai e mãe tem que exercitar diariamente para criar um filho». No meu caso é mais abnegação que um filho tem que exercitar para criar um pai!

Bernardo Santa Clara Gomes disse...

Pois é. Agora disseste tudo.
Que raio de vida é esta que os filhos é que resolvem os problemas dos pais?
Alguém me explica?
Deixem estar, não vale pena.
Agora aplico o que aprendi com uma amigo que até é familia: "não percam tempo!"
Infelizmente, estou com vocês os dois.
Bora lá criar uma associação? LOL!