sexta-feira, março 2

protesto!

Não me tem apetecido escrever. As simple as that!
Que fazer? Não acontece nada que me faça pegar na pen, ou melhor, na tecla.
Hoje ao almoço falou-se de máquinas de escrever (lembram-se? daquelas antigas, sem possibilidade de erros, que se punha folha a folha? teclado azert?). Constatámos que o pessoal que nasceu uns aninhos depois de nós, tipo de 85/86 para a frente, provavelmente nunca viu uma máquina de escrever na vida, não sabe que antes desta vida do computador havia uma coisa completamente mecânica, onde se carregava, e saía texto! Nem nunca ouviu semelhante som como o de bater um texto em máquinas que pesam 300 kg!
Pois é, o tempo passa e aquilo que eram os filmes de ficção científica são hoje realidades. Falar com alguém do outro lado do mundo em tempo real e à distância de um «tec», «tec», «tec»? Sonhos de adolescentes que não tinham nada em que pensar e se ocupavam destas coisas.
Não me perguntem como mas o meu irmão e o vizinho ao nosso lado conseguiram fazer funcionar uma rádio pirata (não sei por quanto tempo, nem com que amplitude, era chavala e não percebia nada dessas andanças!). Teriam 12/14 anos na altura e o máximo que havia era o ZX Spectrum e o 48 k. Lembro-me bem que erámos felizes nesse tempo... Com tão pouco para brincar como uma Barbie, um He-Man (é assim que se escreve?), um forte cheio de soldadinhos do tamanho de um dedo, um careca, e mais algumas coisas, tipo um peão, ou caricas? E passávamos horas na rua. A tarde toda, até as mães irem às varandas e dizerem «oh A.! Oh N.! Venham para casa jantar.... Não é já vou, é vens já!» E pronto, arrastávamos as brincadeiras por mais 5 minutos e depois tínhamos mesmo de ir, senão eram os pais que nos íam buscar... e era pior! Tínhamos o mundo por nossa conta e a sensação de que era infinito. Tínhamos montes de jogos de rua, tínhamos variedade de criançada numa rua de 6 prédios com 10 casas por prédio. Todos tínhamos irmãos, ou quase todos. Todos partilhávamos uma rua que não tinha saída e muito poucos carros. Havia espaço e oxigénio para brincar. Hoje, na mesma rua existem 3 ou 4 crianças, ainda bébés ou perto disso, não se conhecem, e muito menos os pais delas, não vão a casa umas das outras, e quando vão brincar para a rua fazem-se acompanhar pelo pai, com o fato de treino de Domingo, que se entretém a falar com um qualquer vizinho enquanto a criança solitária se passeia num qualquer triciclo. Antes havia a mãe dona de casa que olhava, de quando a quando, por todas, como se de uma comunidade se tratasse e se alguma se magoasse, azar!, chorava, tratava o arranhão e voltava a brincar.
Não me venham com merdas que a p... da playstation e a tv a cores foram positivas, porque para aquilo que se chama infância, não foi! E mais, os pedófilos e raptores em geral deviam ser todos presos numa jaula com 3 tv ligadas a 1 metro a dar Floribellas 24h por dia e com joguinhos de playstation para jogarem uns contra os outros até à eternidade. Assim as nossas crianças podiam ser felizes outra vez.

1 comentário:

Anónimo disse...

Paradoxalmente, o desejo de comunicar e estar acompanhado é o mesmo, mas dispensando a presença física: em vez de brincar com os amigos na rua, hoje brinca-se no quarto com a multidão silenciosa que lá está (chats, hi5, messenger...). Se esta é a geração das teclas, a culpa é dos graúdos e não dos miúdos!
Cumprimentos,
ALM