segunda-feira, junho 18

Sinto-me envergonhada com as leis.

Ontem vi o documentário da SIC sobre crianças com cancro, o que só por si é motivo de consternação e solidariedade com as famílias que passam por isto. Mas o que me chocou foi ganhar consciência de que as mães/pais têm ao longo de um ano direito a 30 dias de baixa de acompanhamento a um filho doente, remunerada a 65% e só até aos 10 anos de idade. Mas em que mundo vivemos? Eu não tinha noção disto. Não tenho filhos, nunca estive doente a ponto de a minha mãe precisar deste tipo de baixa, e sinceramente, não posso ter filhos num país assim. É uma vergonha. Perante isto, de cara destapada e para as câmaras de TV, médicos e mães disseram sem vergonhas que vivem de situações ilegais de baixas falsas delas próprias, porque perante internamentos de crianças sujeitas a quimioterapia que podem durar meses, elas têm de manter emprego e filho.
É desumano. E andam tantos a viver da Segurança Social sem dela precisarem. Façam-se juntas médicas a quem não permite ajudar a elevar as condições de atribuição de melhores prestações sociais a quem de facto precisa delas.
É desumano. Ninguém finge uma leucemia de um filho. Já muitos fingem anos uma incapacidade mental para acordar cedo. Fiquei muito magoada com esta Segurança Social e quem dela se ocupa. É que eu tenho quase 28 anos. Um marido que está por mim. Mas não tenho como ter um filho num país que não me garante que terei condições para o criar, seja um trabalho com alguma estabilidade, seja um Estado protector que esteja lá por mim. Mude-se o estado de coisas. ASAP!

3 comentários:

Amaryllis disse...

E digo mais acabe-se com o subsídio de desemprego para jovens com menos de 30 anos. E aumente-se o tempo de subsídio de desemprego para pessoas com mais de 45 anos. Gostei deste teu texto.

Anónimo disse...

Cara Texuga: há muito que, no quadro neoliberal vigente, o poder político se subordina ao económico, o que quer dizer que políticos e empresários estabelecem uma hegemonia social em que o lucro se sobrepõe ao humano. Cavaco e Sócrates, como os antecessores, vivem em agradável lua-de-mel com os patrões que impuseram uma lei do trabalho como a do inenarrável Bagão Félix. Admire-se é ainda darem uns diazitos e uns tostões de subsídio, pois até isso vai acabar, à moda dos EUA.
Não se orgulhe de ser portuguesa...
Abraço,
ALM

Bernardo Santa Clara Gomes disse...

Enquanto existir uma classe patronal que diz "Fo..-se! Outra vez grávida? Ando a pagar para esta gaja andar a..." e "Azar que eu tive. Todas as gajas da minha empresa tiveram probelmas na gravides..."
Não há solução.
Andam os cientistas à procura de provas de vida extra-terrestre, quando elas existem em Portugal à brava!
É que a nossa classe patronal não teve mãe. Pura e simplesmente apareceu...