Notícia do Portugal Diário: "Utentes «gostam» da Segurança Social"
Será isto possível?
Pois parece que sim. Os utentes esperam horas intermináveis para obter uma informação ou entregar um requerimento e estão contentes. Ora porquê? Porque 32,50% dos inquiridos não tem mais nada para fazer por já ser reformado e 56,60% também não tem nada para fazer porque está desempregado, de baixa ou em licença de maternidade. Perguntem-me a mim o que tenho a dizer desta bela instituição, e logo vos direi... Um dia de trabalho para obter informações, realizar o requerimento e juntar os documentos de prova necessários a demonstrar à Digníssima Segurança Social que eu não tenho de pagar tudo o que ela quer!!! Um dia inteiro de trabalho (dividido em 2 períodos, 4h de manhã e 3 à tarde, com pausa no período de almoço para ir a casa a correr buscar docs e redigir o tal requerimento). Portanto, perguntem-me a mim o que penso sobre a Segurança Social. Pela sua incúria como cobradora eu não consigo ter uma decisão definitiva que me permita pagar o valor que tenho pendente. Não é fixe?
A notícia também diz que 78,30% dos inquiridos nunca acedeu à página da Segurança Social e 89,60% nunca utilizou o serviço de Segurança Social Directa. Pois bem, eu já acedi, acedo aliás desde que ele surgiu... mas não serve para nada! É verdade. Ao contrário do sítio das Declarações Electrónicas, esse sim, uma verdadeira ferramenta de trabalho, o site da Digníssima Segurança Social não serve para nada. Nadinha mesmo. Experimentem.
Por último, e em guiza até de natural conclusão desta notícia, remata-se afiançando que: "Em todo o país, a Segurança Social tem 1848 colaboradores a desempenharem funções nos serviços de atendimento, ou seja, no front office, mas apenas 1340 têm email atribuídos e só esses responderam ao questionário". Atão senhores mas os outros 508 funcionários não sabem mexer nos computadores é? Continua "A maioria dos trabalhadores que participou é do sexo feminino (77,40%). Tendo a faixa etária dos 41 e 60 anos predominância, com 75,40%. Entre 51 e 60 anos o valor encontrado foi de 44. Quanto às habilitações literárias, o relatório constatou que «metade dos colaboradores detém o ensino secundário (54,40%) e quase um terço (30,90%) concluiu o actual 9º ano de escolaridade." Ora, a minha mãe tem 57 anos, e continua a não perceber a diferença entre um servidor e um disco rígido, apesar de até comunicar no msn. Melhor, a minha mãe foi empregada de escritório toda a vida e nunca por via do seu trabalho teve de mexer num computador. A minha mãe tem o 9º ano de escolaridade, antigo 5º. Não seria melhor passar os 30,90% de pessoas que, vá lá, não têm habilitações académicas brilhantes, para o back office e pôr vá lá, os milhares de licenciados deste país a tratar de resolver em front office as questões trazidas pelos cidadãos? É que, sabem, há pessoas licenciadas a precisarem de trabalhar, inclusivé com formação em áreas de relações interpessoais e de atendimento ao público e afins. Se calhar é mais fácil a adaptação à mudança de uma pessoa de 30 anos do que uma de 50 que nunca trabalhou noutro sítio que não num balcão de atendimento da Seg... desculpem, Digníssima Segurança Social. E os softwares vão mudando... uma desgraça! E além disso está provado que o atendimento ao público cansa e não é pouco. 20 anos a atender pessoas, 7h por dia? Não admira que as senhoras sejam tão simpáticas e disponíveis. Admirem-se: "Mais de metade destes funcionários está na área do atendimento há mais de 20 anos (52,20%). E a maioria ocupa esse lugar desde que ingressou no ministério. Talvez por isso, cerca de 80 por cento «não quer mudar de funções». Quem quer tem mais habilitações literárias e está há menos tempo «ao balcão»." Ah pois é! Tudo na vida se explica. Basta uma auditoria com o mínimo de seriedade...