sábado, abril 12

Saturday night fever...

Longe vão os tempos em que a noite de sábado significava excessos, emoções, fio da navalha, inesperados. Hoje as noites de sábado significam sempre pacatez, seja numa sala de cinema, seja na minha própria sala, sozinhos ou com amigos. Boa comida, bom vinho e pessoas que nos querem bem e que partilham connosco a acalmia que os 30 trazem. Não, ainda não tenho 30 mas também vos digo que não terei problema nenhum em tê-los. Sinto ter feito muito mais do que devia nestes anos que já passaram. Sinto-me completamente disponível para o que virá. Custa-me saber que há quem desespere com os 30. Eu estou completamente em paz com a minha vida. Só preciso de mais uns dois aninhos de força, curiosamente o tempo que falta para os trinta....! Falo de tudo e de nada. Falo da licenciatura do meu marido, falo do meu mestrado, falo de querermos estar em paz para "assentar", ter crianças and so on. Mas não fosse outros desejos, e já podiam vir. Sinto-me assim. Calma.
Só me preocupam os outros, os de fora, os que não encontram o rumo. Preocupa-me o futuro da minha mãe, que não o tem. Preocupa-me o futuro do meu sobrinho, criado sem pensamentos adiante, apenas presente. Preocupa-me o meu pai, que não vejo há anos, melhor, que não vejo há anos como pai, tendo-o visto meia dúzia de vezes neste tempo como um velho louco e acabado, perdido na vida e sem abrigo. Preocupam-me estas pessoas que não conseguem fazer as coisas direitas. Como eu sempre as fiz. Sempre. Mesmo nas noites de sábado. Em que tudo era permitido. Mesmo nessas, sempre soube voltar para casa. Sozinha. Sem ajudas. E por isso sinto que tudo é meu. Tudo o que tenho. A minha estabilidade. A minha racionalidade. O homem que me segue na vida, ou melhor, que aprendeu a andar ao meu lado. Fui conquistá-lo onde ele se escondia. Tudo. E garanto-vos, gostava em vários momentos de ter quem me levasse ao colo. Só para saber como é. Só para saber. Nem nas noites de sábado. Eu garantia a segurança de todos. Eu sempre fui abrigo, raras vezes o abrigado. Enfim. Hoje já não é preciso. Temos a calma das noites de sábado. Vou para o sofá.

3 comentários:

Anónimo disse...

Touché! :)

Bernardo Santa Clara Gomes disse...

E é isso que muita gente não entende.
Queremos paz e sossego. Ou seja queremos "nós". Mais nada!

Anónimo disse...

Gostei! Fizeste-me pensar com estas palavras... Um bocadinho de paz é bom, muito bom! Beijo grande... (Voltei a "ler-te").
Sofes