Como todas as pessoas tenho estado a observar o que se passa pelo mundo, económico-financeiramente falando, e a minha conclusão é clara: os mercados refletem a depauperização económica dos países ditos civilizados, produto da desconsideração da vida humana, tal como ela é, biológica e racional.
Portugal, meados dos anos 80, tens de estudar para teres um emprego.
Portugal, meados dos anos 90, tens de estudar para tentares ter um emprego.
Portugal, 2008, tens de estudar para concorreres a call centers e talvez teres um trabalho.
A geração dos nossos pais teve emprego. Todos. Os que estudavam mais tinham bons empregos, faziam carreira. Os que não tivessem passado o antigo 9º ano ficavam-se pelos escritórios, pela função pública. Todos os outros trabalhavam nas outras profissões, nos "ofícios", nos empregos próprios, nas lojas, nas fábricas, na agricultura. Todos tinham como começar a vida. Tinham uma profissão assegurada. Todos.
O que se passa hoje é que ninguém tem como começar a vida. E isto arrasta-se pelos anos, e os anos passam, e ninguém tem como agarrar o futuro. Não há bolsas de estudo para quem efectivamente quer mais e melhor no futuro, as pessoas acabando a licenciatura têm naturalmente de ir trabalhar para sair de casa dos pais (os que ainda lá estão). Os que não estudam, estão condenados à instabilidade, mais dificil, porque num "patamar remuneratório" normalmente inferior. Não casam, juntam-se. Não têm filhos, planeiam-nos para mais tarde. Nada se está a fazer ao ritmo certo. Não há tempo para a família. As mães não o podem ser. Os pais têm de sustentar-se a si e aos seus.
O que tem isto a ver com a banca? Tudo! O porquê do endividamento? Simples. Infelicidade. Generalizada. Queremos casas maiores e melhores. Carros topos de gama. Porque achamos que não podemos ter um filho que apenas precisaria de tempo! Tempo que não temos. Os nossos pais tinham o Agosto todo para nós. Lembram-se? Os nossos pais passeavam connosco, levavam-nos a fazer piqueniques e convívios de grupo, com amigos e filhos dos amigos. Hoje não há nada disso. Há consolas que têm de ser pagas. Há carros telecomandados que custam dinheiro.
A falta de fé na juventude, a falta de orientação para a família levou à bancarrota do sistema financeiro. E quanto mais arranjarmos desculpas para não nos voltarmos para nós próprios e assumirmos isso, estamos mal.
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