Pois é. Hoje é o dia das gajas. É que ser gaja é o contrário de ser gajo, daí termos um dia só para nós. Devo dizer-vos que não concordo com o facto de haver um dia da mulher por duas razões:
- Primeiro porque ser mulher não deve ser motivo de congratulação: temos dificuldades acrescidas em tudo, na carreira, na vida pessoal, na tão famosa emancipação. Na 3ª feira o meu Prof., como é seu hábito, deambulou durante largos minutos por temas que nada têm a ver com o assunto da disciplina, e desta vez foi pelo tema carreira e maternidade: dizia ele que o nosso país é uma vergonha porque não protege a maternidade e que em vez de dizermos sim ao aborto devíamos dizer sim à licença prolongada de maternidade, sim ao direito de a mulher acompanhar os seus filhos e ter uma profissão, ainda que em horário reduzido, como nos países nórdicos. Contava ele que em 1979 (ano em que nasci!) quando leccionou na Alemanha, os seus colegas um pouco mais velhos tinham 4 e 5 filhos e que as mães destes podiam ficar em casa 1 ano a receber ordenado pela segurança social, e que podiam optar por ficar em casa com os filhos até aos 12 anos destes, não recebendo ordenado é certo, mas não podendo ser despedidas, como se fosse uma licença sem vencimento. Ora, em Portugal já era bom que a nossa licença de maternidade se prolongasse no tempo, e fosse concedida tendo em conta não o vínculo contratual da mulher ao seu trabalho (mulheres a recibos verdes não têm direito a ser mães, pergunta: como é que esta geração pode ter filhos?) mas sim a sua carreira contributiva, os anos de descontos e o seu montante. Se assim fosse, mesmo sem contrato de trabalho, todas podiam ser mães no seu tempo biologicamente natural - a faixa etária 20-30.
Segundo: comemora-se o dia da mulher porque? Comemorar o dia da mulher é o mesmo que comemorar o dia dos gordos, ou dos magros! O dia da mulher nos anos 20, sim, faria sentido. Mas no século XXI, em que as mulheres teoricamente têm os mesmos direitos e os mesmos deveres que o homem, não estaremos a perpetuar a discriminação? Não sei. Não considero uma mais-valia este dia para «o sector». Ainda que seja difícil à mulher conjugar casa e trabalho, sobretudo se quer vingar no trablaho e não simplesmente ganhar um ordenado, as oportunidades são iguais para os dois sexos, dizem. Por isso, deve incentivar-se a mulher a evoluir, não só como mãe, partilhando responsabilidades com o pai, em profunda igualdade, mas também a dedicar-se à carreira para que aos 50, com os filhos criados, não viva o vazio que vejo a minha mãe a viver actualmente. Digo-vos companheiras de género: assustador!
Claro, que a mulher é um ser especial! Disso não há dúvidas. A mulher desempenha o importante papel na sociedade de aturar o homem. E meus caros homens, se dúvidas houvesse sobre a importância desse papel, basta pensarem nas vezes em que vocês perguntam: «amor, onde está não sei o quê?» E nós respondemos com pacifismo: «Está no sítio tal...» Como se fôssemos sobredotadas por estranhamente sabermos que a camisola está na 4ª gaveta, ou o óleo na prateleira da despensa, ou os ténis no sítio dos sapatos...
Enfim: comemorem lá o dia.
4 comentários:
Mais um dia votado ao consumismo.
Vamos todos encher as nossas mulheres de presentes, para nos desculpamos de todas as nossas faltas enquanto homens.
Eu como sou um homem sem faltas para com a minha mulher... Não lhe vou oferecer prenda nenhuma, há exepção claro, do meu amor e companhia.
Porque eu sei sempre onde estão os tenis, as camisolas e melhor... lá em casa quem sabe onde está o óleo sou eu!!!!
Ai é? Então quando perguntares por alguma coisa.... Vais ver!
Ai meninos... Arrufos em praça pública...
Eu senti-me ontem, como me senti no dia anterior ou hoje... nada se me acrescentou ou se me diminuiu!!! Mas que é bom para movimentar dinheiro, principalmente nas floristas, ai isso é, convinhamos que é um ponto positivo!
A julgar pelo último parágrafo do texto, justifica-se a criação do Dia Internacional da Esposa ou da Companheira (da Mulher e da Mãe não bastam!)... :)
Cumprimentos,
ALM
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