Dia da Criança

Hoje é o dia mundial da criança.

Primeiro, devia ser feriado, para que todos os pais (e tios!) pudessem estar com as suas crianças.

Segundo, devia haver prendas para as crianças e também para os tios das crianças. Se os tios das crianças ainda não são pais, então ainda são também eles crianças. Senão vejamos: há alguma fase intermédia entre ser filho e ser pai? Não! E quando se é filho, é-se criança certo? E quando se é pai é-se adulto, não é? Então, os tios, até serem pais, são ciranças. Por isso, quero a minha prenda, enquanto filha e tia. Ora essa!

Terceiro, se todas as crianças são crianças todo o ano, porque não tratá-las como tal todo o ano e não só neste dia? Deixo-vos uma sugestão: Convenção sobre os Direitos da Criança, adoptada pela Assembleia das Nações Unidas, em 20 de Novembro de 1989 e em vigor em Portugal desde 21 de Setembro de 1990 (http://www.unicef.pt/docs/pdf_publicacoes/convencao_direitos_crianca2004.pdf).

Será que Portugal está a cumprir todas as suas obrigações internacionais na matéria? Então e os abusos na Casa Pia? Então e as consecutivas desgraças que terminam em morte sobre crianças que deviam ter sido retiradas aos pais enquanto era tempo, pela Segurança Social, e que por inércia das Sras. Dras. Assistentes Sociais não o são? Então e a Esmeralda, que se transforma numa brincadeira parento-judicial, com lamirés de mediatismos e segurança social no expoente máximo da sua incompetência? Então e as decisões judiciais autistas, que entregam crianças a pais que as não merecem, só porque os pariram e perante a lei têm direitos a ela? Ou por outra, então e as decisões judiciais que retiram ao pai, como pena de um divórcio com a mãe, o direito a ser pai, e não meramente progenitor, privando-o de ter a tutela da criança, ou partilhá-la com a mãe, quando se prova que podia fazer um melhor trabalho? Enfim, coisas que me lembrei, ao reler a Convenção e ao olhar para o nosso país. Soumuito crítica no que toca ao actual sistema de protecção de menores em Portugal. Penso que o Estado, nomeadamente, a Comissão de Protecção de Menores e os juízes não fazem um bom trabalho nesta matéria. E isso impede o normal desenvolvimento das crianças que, não tendo sido retiradas aos pais ou tendo-o sido muito tardiamente, mataram as suas capacidades emotivas e intelectuais. Perdem-se talentos. Perdem-se pessoas. Fruto, pura e simplesmente da inércia, da sobrecarga e da desresponsabilização dos profissionais quanto aos resultados do seu trabalho. Os pais não devem ser protegidos. As crianças é que o devem ser. Se essa protecção passa por ter direito aos seus pais biológicos, enquanto forem bons pais, muito bem. Se essa protecção passa por dar-lhes outras oportunidades de crescimento, de desenvolvimento e de concretização enquanto pessoas, então esqueçam a biologia, porque ela não vai ajudar a criança. Entreguem-nas a quem possa delas cuidar. Entreguem-nas a instituições sérias e a pais adoptantes que desejem mesmo criar uma criança, e não reproduzir-se somente.

Desculpem as variações de humor neste post, mas quem me conhece sabe que eu sou assim, mudo como a Lua! ;)