sexta-feira, junho 8

Sem vontade de escrever...

Pois... sem grande vontade de escrever, de pensar, de me mexer. Ando assim. Ontem vegetei em casa. O A. foi trabalhar e eu, com esta total ausência de força anímica para o que quer que seja, deixei-me ficar. Acordei tarde, pouco fiz, às 17h estava no sofá. Sabe bem. Mas saberia muito melhor o sol vir para ficar e o pessoal ir para a praia, conversar, dormir, enfim, o chamado tempo livre de qualidade. Acho que é por causa do tempo que me ando a arrastar há uns tempos. Não sei. Ou cansaço acumulado. Sei é que não tenho grande vontade de nada. E o A. não tem ajudado. Parece que ultimamente só tem motivação para dormir. Não toma a iniciativa para nada. Só quer é que o deixem em paz. Inclusivé eu. Enfim. Deve ser a mudança da idade. Ou o nervoso do exame de Mats que se aproxima. Para a semana fica em casa. Pode ser que melhore o humor e a energia. Já eu, arrasto-me até à cidade, num movimento pendular diário, sem paragens. Sinto falta de espairecer, sabem? Aquele espairecer de me meter no carro e ir até onde me apetecer, sem horas, sem compromissos, dormir algures e abancar em esplanadas de chinelos de praia, sem nada, só com a companhia do sol. Dirão: wake up! A adolescência já passou! Custa-me. A sério que custa. Não ter bem como fazer isso, seja porque são hábitos de solidão que hoje são impraticáveis, porque felizmente não estou sozinha, seja porque simplesmente as coisas não estão fáceis e parece que tudo o que se ganha está contado e tem destino para coisas tão terrenas como revisão ao carro, propinas escolares, comida, contas!
Não sei. Sei que o Verão está a chegar e eu sinto que não trará o merecido divertimento. E isso repete-se há demasiado tempo.


Só por curiosidade, isto é o pôr-do-sol em Alcochete.

1 comentário:

Anónimo disse...

Belíssimo texto introspectivo, em contraste com a melancólica inércia e indolência que transmite! Todos sabemos o que isso é, ou não fôssemos humanos... Faz lembrar as sábias palavras pessoanas: "ter um dever e não o fazer"! Só se busca a felicidade por provarmos o sabor dicotómico da rude e áspera tristeza ou espiritual abandono. Que o bonito pôr-do-sol de Alcochete signifique o breve ocaso da lassidão em que a Texuga está envolta...
Cumprimentos e bom fim-de-semana!
ALM