segunda-feira, janeiro 15

O melhor da vida: a família!

Parece-me que andamos todos às avessas. O meu amigo (e por acaso primo!) N., contou-me que, não obstante todas as contrariedades da vida, neste caso dele, em vez de uma família tem um poço de problemas. Querem mais? A minha amiga F. anda com a mãe ao colo desde que se conhece como gente! Ah! E mais o resto da família toda claro. A mim parece-me que já vi este filme em algum lugar... Não consigo perceber qual é o prazer que as pessoas têm em fazer merda, queixarem-se dela e ainda a trazerem para cima daqueles que, ainda que família, nada tenham a ver com o assunto. Ou então, simplesmente procurarem o conflito porque em paz não se pode viver. Dou-vos um exemplo: todos sabemos que a vida não está fácil. Não há empregos, os que há são precários, etc. Ora, os jovens têm hoje problemas que não existiam na geração dos nossos pais, um licenciado vale pouco e uma casa para pagar pesa muito. Resta-lhes o quê? A família, que devia ser impulsionadora de condições afectivas e económicas favoráveis ao crescimento dos jovens para que estes, com alguma segurança, pudessem ser por fim independentes. Isto passa-se assim na maioria dos lares de classe média portugueses. Mas na minha família não. Enquanto eu tinha sonhos de sucesso pendurados numa licenciatura que ía saíndo, as coisas estiveram pacíficas e o meu egoísmo era recompensado por uma consciência tranquila. Quando eu finalmente me deparo com a vida real e precisava de uma família unida a ajudar, eis que um terramoto chamado divórcio consegue abalar tudo, deixar os filhos de pantanas e mais, causar a destruição de uma família que tinha tudo para cumprir o seu objectivo: a entre-ajuda! Que é isto se não as relações do século XXI? Mas feitas por aqueles que vêm do séc. XX, o que é cem vezes pior! Porquê? Porque nós estamos culturalmente programados para a guerra exterior, e por isso não fazemos a guerra inter-pares, dentro das muralhas. Eles não! Os nossos pais, que sobreviveram ao Ultramar, à ditadura, à repressão, não conseguem estar em paz com eles e, ainda que não tenham guerras para travar, entretêm-se com pequenas batalhas baseadas em orgulhos e em valores muito pouco poéticos. Preferem perder os filhos a admitirem que estes, na sua rectidão, têm razão para estarem magoados. Não admitem que erram. Nem como pais, nem como Homens. Porquê? Exactamente porque foram criados para serem o que são: emocionalmente falhados. Tenho esperança nos valores da nova geração. Claro que não falo de toda a nova geração: falo sim daquela que, vivendo estes dissabores, aprendeu o mais importante: não os fazer aos filhos. Tenho esperança que, sem falsas modéstias, seremos melhores pais do que eles foram. E porquê? Nem que seja pelo simples facto de que para nós, ter um filho, significa um projecto de vida. Para eles, muitas vezes não passou de mais um passo natural e inevitável da vida adulta. É assim porque sim! Nunca ouviram esta expressão? Pois, para nós, é de uma determinada maneira porque nós queremos que assim seja. Pensamos muito (há quem diga que até demais!) antes de agir. Daí os filhos depois dos 30. Daí que muitas vezes os filhos aos 20 significam tantos problemas que o melhor seja tê-los quando a vida nos permite e não pensar, como diz uma pessoa que por acaso é a minha mãe, de forma tão estúpida como irreflectida, que «tudo se cria», «e há sempre lugar para mais um», e coisas desse género. Será dificil de perceber que nós, os casais modernos só queremos ser pais se o pudermos ser em consciência e com felicidade? Só se pode ser pai quando se deixa de ser filho. Para mal dos meus pecados, não consigo deixar de ser filha, não porque precise deles, porque ainda que isso aconteça deles não tenho nada, mas porque eles sugam-me as energias positivas. Falta pouco. Tenho fé que falta muito pouco para o pesadelo acabar. E quando acabar juro que fecho a porta.

3 comentários:

Zé O Branco disse...

Os fins de semana enfiada em casa pôe-te e escrever desalmadamente.

Viva a Famelga!!!!

Bernardo Santa Clara Gomes disse...

A necessidade de ser uma vitima e ter de existir sempre um drama explicará o tal poço?
Será do portuga que tem grandes ideias, mas depois não as leva até ao fim? Borá lá fazer um filho. E depois? Depois? Depois logo se vê.
Ou melhor, depois ele ajuda-nos...
Pois é, o problema é quem ajude a dar de comer, eu ajudo ensinando a pescar... mas ninguém quer pescar. Comer sim, percar alguem que vá...

Anónimo disse...

Que Drama!!!!!!
Até parece Shakspeer