Coisa estranha esta da família. Em crianças ensinam-nos que X pessoa é o tio, e Y é primo e nós aceitamo-los como a nossa família. O engraçado está em que passamos, por uma qualquer força estranha, a GOSTAR dessa pessoa. Parece uma coisa qualquer que nos é imposta, mas não é. Nós assumimos um sentimento especial pelos que são do nosso sangue, pelos que têm o nosso apelido, pelos que têm parte das nossas feições. Depois, esse sentimento vai sendo consolidando pela convivência. Simples. Tudo isto seria verdadeiro se eu falasse de pessoas como os nossos irmãos, ou os nossos pais, ou uma avó que vive connosco. Mas no meu caso a minha família paterna está à distância de hora e meia de voo, e passo anos sem os ver, ainda que na infância estivesse com eles todos os Verões. E quando nos dizem que não voltamos a estar com o Tio Catau tudo vem à nossa cabeça. Parece-nos inevitavelmente uma alteração no status quo que pensávamos eterno! Afinal, os 5 manos, dos quais nasceram 10 primos, seriam eternos. Eterna seria a teia que eles souberam construir durante o nosso crescimento e que nos amparava, dando-nos uma origem, um berço. Mas hoje, volvidos tantos anos desde que deixei de frequentar festas familiares (por falta de disponibilidade, tal como outros dos primos) sinto a perda do meu Tio como o fim de toda uma fase de vida. Não vos sei explicar. Não o via há anos e no entanto sinto-me tão próxima dele tal como quando ele me afagava a cabeça quando era míuda. Engraçado.
terça-feira, novembro 13
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2 comentários:
Olá Texuga!
Também já vivi um sentimento em tudo igual em relação a familiares próximos no sangue mas afastados no espaço (a minha tribo vive dispersa) e cheguei à conclusão de que, embora indefinível, inefável e intraduzível, a «saudade» é a ilusão mnésica que aproxima o passado e o ausente do presente. Confuso? Talvez, mas esse sentimento não o é menos...
Cumprimentos,
ALM
Pois é. Está no sangue. É quase (para não dizer que é) irracional.
Por isso, e como diz o Kiko, aquele abraço era um mundo...
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