Pois é! Se não começarmos a inverter as coisas seriamente, em 2050 seremos 7 milhões ao invés dos 11 que somos hoje. E porquê? Geração recibo verde, diz-vos alguma coisa?
Vamos particularizar. Eu e o meu marido quando pensamos no assunto "Inês" ou "Rafa" pensamos:
- primeiro, não tenho garantias de trabalho além de períodos de 6 meses, isto é, não tenho qualquer contrato de trabalho, ainda que fosse a termo;
- segundo, ainda que tenha uma licenciatura e caminhe para um mestrado, não tenho futuro à vista;
- terceiro, não tendo contrato de trabalho, não tenho licença de maternidade, ou seja, nem direito à falta nem a remuneração social por esse período de 4 meses e como é fácil de compreender, as mães ficam em casa esse período porque recebem o ordenado na mesma, senão não poderiam ficar, óbvio?;
- quarto, não podendo ficar em casa 4 meses, imaginem que a gravidez corre menos bem e tenho de ficar em casa também antes do parto? Simples, deixo de comer e de pagar contas durante esse tempo, o que acham? É que a geração recibo verde não tem direitos sociais nem laborais;
- quinto, solução de recurso: metia férias. Quais férias? O trabalhador a recibo verde não tem férias, tem isenção de horário, ou seja, não trabalha, não recebe! Não é o máximo?
- sexto: não tenho subsídio de férias ou de natal que me permitisse sobreviver durante o tempo de não trabalho imprescindível para "desovar".
- sétimo: ainda que conseguisse ultrapassar as dificuldades em gerir gravidez/ordenado, como é possível criar uma criança se não posso nunca faltar ao trabalho? E quando houver reunião na escola, ou febre, ou braço partido?
- oitavo: mesmo estando o A. efectivo e estável, ele infelizmente ainda não pode engravidar por mim, e substituir-me em tudo o que naturalmente deve ser feito pela mãe, como seja amamentar, cuidar...
Como eu, estão milhares de jovens, na faixa etária 25 - 35 anos. Envelhecimento da população? Podem crer! E se nada for feito muitas famílias vão "morrer" sem crianças que puxem pelos velhos. Vejo a minha família materna. Há um pirralho para 1 bisavó, 1 avó e 1 tia-avó, 1 tia (eu!) e o meu primo. Ou seja, em 3 primos apenas 1 já foi pai e sem qualquer perspectiva para os outros 2. Ou seja numa geração perde-se metade da população.
E o que faz o Estado? NADA! Caríssimos governantes: vão lá fora e vejam como é que podemos deixar de ser o 7º país mais velho da UE. Aprendam com os outros. Não copiem só o que não presta. Compiem a Segurança Social deles e terão este problema resolvido.