Agosto na função pública é estupidificante. Não que noutros momentos do ano o não seja. Temo até que o seja na maior parte do ano. Bom. Deixemos isso. Em Agosto a função pública é tão estupidificante que a melhor coisa a fazer é esquecer que é estupidificante. Não pensar muito nisso. Vou-vos explicar porquê. Na função pública o técnico superior (como eu) não tem autonomia. Eu explico. Todo o papel que entra e tudo o que sai do Gabinete é controlado e assinado pelo Gestor. O Gestor está de férias. Então o que entra para ser tratado não chega à minha secretária, pára na dele para ele "despachar", e tudo o que eu produzo ainda assim (3 ou 4 coisinhas numa semana de trabalho) está parado na minha secretária à espera de ser "despachado". Enquanto o Senhor não regressar nada anda no Gabinete. Tudo está em banho-maria.
Isto serve mais uma vez para demonstrar a forma insipiente como tudo continua a funcionar neste mundo extraordinário da AP. Eu, licenciada e com uma remuneração conducente com a função, limito-me a escrever Ofícios e Informações que depois são assinados ou despachados pelo Senhor Gestor. Não passo na realidade de uma secretária. Mas não daquelas de Administração. Não. Sou mesmo só daquelas a quem se dita coisas e depois elas vão à máquina teclar e imprimir. Triste. Mas o possível por enquanto.
A acrescentar a isto, no meu piso ao invés das 7 pessoas que aqui costumam andar estamos 3 esta semana: 4 são inteligentes e estão de férias. No piso de cima, onde se encontra a "direcção" do estaminé, em 9 pessoas estão 5. Que grande seca.